Cazuza - Uma promessa tão curta quanto um sonho bom
Faz hoje, dia 7 de Julho de 2010, 20 anos que Cazuza morreu, vitimado por um choque séptico causado pelo vírus da sida. Os jornais e tvs brasileiras recordam o músico. Pensei que talvez pudesse fazer o mesmo, em jeito de agradecimento pela boa música que me deixou.
Cazuza - Uma promessa tão curta quanto um sonho bom
Faz hoje, dia 7 de Julho de 2010, 20 anos que Cazuza morreu, vitimado por um choque séptico causado pelo vírus da sida. Os jornais e tvs brasileiras recordam o músico. Pensei que talvez pudesse fazer o mesmo, em jeito de agradecimento pela boa música que me deixou.
Cazuza morreu muito novo - 32 anos -, como parece ser sina de vários óptimos músicos brasileiros (Elis Regina, Noel Rosa, Dolores Duran, Chico Science, Raul Seixas, Renato Russo, Cássia Eller, ...). Viveu uma vida desregrada e boémia, o verdadeiro sexo, drogas e rock'n'roll , no que isso tem de mais inocente ou ingénuo (existe uma diferença?). Associei para sempre Cazuza às noites loucas no Leblon, o Rio de Janeiro nos 80, todo o circuito de novos e velhos valores que se cruzavam e tocavam juntos. Cazuza nasceu filho de João Araújo, fundador de uma editora discográfica - autêntico self-made-man - e habituou-se a tratar por tu muitos dos grandes músicos brasileiros, mesmo antes de saber o que queria fazer da vida. O pai foi renitente em editar o primeiro álbum de Barão Vermelho, convencido de que estaria apenas a satisfazer mais um capricho do filho: agora o rapaz queria ser rocker. Acabou por o fazer, embora segundo consta, a pressão para editar o álbum não tenha partido de Cazuza, mas de amigos que consideravam a banda realmente boa.
O que mais me atrai no Cazuza é a desarmante honestidade que colocou na sua vida e na sua música, sempre à beira de quebrar. Tinha alguma coisa de infantil - menino mimado -, de criança que não sabe o que quer, mas que procura, ainda que talvez de forma inconsciente, uma espécie de transcendência: e aí reside toda a rebeldia, o egocentrismo, os excessos, os exageros.
Sou particularmente fã de um Cazuza menos cru, mais refinado e elegante. Das canções em que parece olhar para dentro e pára de agir como uma personagem. Quando não tem medo de ser "brega". A qualidade das canções (frequentemente em parceria com Frejat) permitiu que outros músicos fizessem interpretações brilhates - destaco aqui um outro breve milagre brasileiro, a Cássia Eller, que faz excelentes versões de várias canções de Cazuza.
Cássia Eller - Todo Amor que Houver Nessa Vida
Algumas canções: "Todo amor que houver nessa vida", "Codinome Beija-Flor", "Exagerado", "Só as mães são felizes", "Preciso dizer que te amo", "Bilhetinho Azul", "Minha Flor, Meu Bebê", "O tempo não pára", "Ideologia", "Pro Dia Nascer Feliz", "Faz parte do meu show", "O nosso amor a gente inventa".
Aconselho também o livro de memórias "Só as mães são felizes", relato de Lucinha Araújo (escrito por Regina Echeverria), mãe de Cazuza. É um livro comovente, raramente lamechas, que serve como testemunho (pelos olhos da mãe - é importante relembrar) da vida de uma das mais importantes figuras do rock brasileiro.
Como acontece com todos, o valor do Cazuza tornou-se um pouco mais consensual após a morte. Foram apenas 9 anos de carreira e nem tudo o que ele fez era brilhante (penso que o seu amigo Renato Russo era mais sólido), mas convido todos a conhecerem a sua música, porque tem qualidades que são cada vez mais raras na música.
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